Professora da Fazu destaca impacto do El Niño nas chuvas de Uberaba e projeta normalização climática

Nos últimos seis meses, a cidade de Uberaba enfrentou um cenário preocupante em relação às precipitações. Estudos realizados pelas estações meteorológicas do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e da Fazu (Faculdades Associadas de Uberaba) apontam que, dos seis meses analisados, cinco apresentaram volumes de chuva abaixo do esperado. De acordo com a professora da Fazu e climatologista, Alcione Wagner, este fenômeno é atribuído à intensa atividade do El Niño, que afetou significativamente o regime de chuvas na região.

A análise compara os dados recentes de precipitação com o Normal Climatológico de Uberaba, também fornecido pelo INMET, baseado no período de 1991 a 2020. O período chuvoso, que normalmente começa em setembro e se estende até fevereiro, teve uma média histórica climatológica de 1.226,2 mm. No entanto, para o mesmo período de setembro de 2023 a fevereiro de 2024, o INMET registrou apenas 678,6 mm, enquanto a Estação Meteorológica da Fazu reportou um pouco mais, com 833,4 mm. “Essa discrepância nos volumes de chuva é uma clara indicação de que o clima da região sofreu alterações significativas, muito provavelmente devido à influência do El Niño”, explica Alcione.

O El Niño, um fenômeno climático conhecido por aquecer as águas do Oceano Pacífico, tem impactos globais, incluindo alterações nos padrões de chuva em várias partes do mundo. Em Uberaba, a influência desse fenômeno foi notavelmente negativa, reduzindo o volume esperado de chuvas e, consequentemente, afetando tanto o abastecimento de água quanto a agricultura local.

A boa notícia, segundo Alcione Wagner, é que o El Niño está perdendo força e se encaminha para uma fase de neutralidade. De acordo com projeções do departamento americano National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), espera-se que, no segundo trimestre deste ano, não haja fortes influências de El Niño ou La Niña, possibilitando uma normalização dos padrões climáticos. A professora informa que análises apontam a possibilidade de La Niña no segundo semestre.

Este cenário de transição climática é um sinal positivo para a região, que poderá se recuperar das adversidades enfrentadas nos últimos meses. No entanto, o episódio serve como um lembrete da importância do monitoramento climático e da preparação para eventos meteorológicos extremos, que estão se tornando cada vez mais frequentes e intensos devido às mudanças climáticas globais.

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