Fazu testa eficácia de repelente de lavoura contra ataques de javaporcos e capivaras

Diante do desafio ambiental que representa o equilíbrio entre a agricultura e a fauna, a Fazu (Faculdades Associadas de Uberaba) realiza uma pesquisa ambiciosa para encontrar soluções sustentáveis para a invasão de javaporcos e capivaras nas lavouras. Coordenado pela médica veterinária e professora Dra. Amanda Quintal, este projeto, realizado atendendo uma empresa parceira, testa um repelente de lavoura ecologicamente correto, que não prejudica os animais nem o meio ambiente.

O javaporco, um híbrido de javali e porco doméstico, pode pesar até 250 kg e medir até 1,80 metros de comprimento. “Esse animal se alimenta de praticamente tudo e tem força suficiente para destruir uma lavoura de milho. O javaporco, sendo um animal exótico resultante do cruzamento entre javalis e suínos domésticos, sob certas circunstâncias relacionadas ao tamanho da população desses animais em determinada região, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) pode emitir autorizações especiais para sua caça, visando controlar seu número e minimizar os impactos ambientais e econômicos negativos”, destaca Amanda.

Por outro lado, as capivaras, protegidas por leis de conservação, também representam uma ameaça para as lavouras, especialmente nas regiões próximas a cursos d’água. “De certa forma, o produtor acaba ficando de mãos atadas. Diante desse cenário, a pesquisa desenvolvida pela Fazu propõe uma solução que não apenas é eficiente contra esses animais, mas também não invasiva e ambientalmente segura. O objetivo é apenas afastar esses animais das lavouras”, explica a professora.

O projeto foi dividido em duas etapas: uma experimental, conduzida em um ambiente controlado com suínos domésticos, e outra em campo, com presença de capivaras. Ambas etapas estão acontecendo concomitantemente neste momento na Fazenda Escola da Fazu, comparando áreas com e sem aplicação do produto repelente.

Na etapa experimental, após o plantio do milho, parcelas foram designadas como áreas tratadas com o repelente e áreas de controle, sem tratamento. “Agora estamos ansiosos com a soltura dos animais para verificar a invasão de suínos domésticos nas áreas de teste. É importante frisar que os suínos utilizados no experimento foram submetidos a uma fase de adaptação para garantir que estivessem no peso e tamanho ideais para o estudo, com todo o procedimento aprovado pelo Comitê de Ética Animal da Fazu. A observação do comportamento dos animais é feita por meio de monitoramento contínuo com câmeras”, explica a médica veterinária.

Em campo, foi implementado um projeto piloto envolvendo a aplicação de um repelente específico via drone em uma lavoura de milho já desenvolvida. Para avaliar a eficácia do repelente, utilizaram-se câmeras de armadilha e a busca por rastros, com o objetivo de determinar o período de tempo em que a lavoura permanece livre da invasão de capivaras após a aplicação do produto.

Além disso, foram consideradas as condições ambientais, como a pluviosidade e a temperatura durante a estação climática na região da Fazu, para definir a duração da ação do repelente e identificar os fatores que podem influenciar sua eficácia. “Na área da Fazenda Escola da Fazu, enfrentamos constantemente o problema de invasão das lavouras por capivaras, especialmente porque o Rio Uberaba corre ao longo da área de plantio de milho. Essa situação reflete a realidade enfrentada por muitos produtores rurais”, destaca Amanda.

Embora o projeto ainda esteja em andamento e sem resultados definitivos, o esforço conjunto de estudantes, professores e parceiros indica um caminho promissor para o manejo sustentável de pragas em lavouras. Agradecimentos especiais são direcionados à empresa parceira e a todos os colaboradores que têm contribuído para o avanço da pesquisa.

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