Com objetivo de testar um novo tipo de alimentação para ovinos, a Fazu (Faculdades Associadas de Uberaba) iniciou um projeto pioneiro no Brasil que avalia o efeito da dieta 100% concentrado sobre o desempenho e características de carcaça de ovinos confinados. O projeto começou com o acadêmico do 3º período do curso de Zootecnia, Luís Eduardo Mendonça de Almeida, que enviou a proposta para a empresa Major Nutrição Animal, parceira da Fazu.
De acordo com a coordenadora do curso de Zootecnia, Dra. Juliana Jorge Paschoal, é essencial na pecuária atual a utilização de mecanismos que visem a melhoria e o encurtamento do ciclo de produção. “As dietas com 100% de concentrado são boas alternativas para que estes objetivos sejam alcançados, pois possuem um alto valor energético, possibilitando altos ganhos em um tempo mais curto, além de ser de fácil manejo, possibilitando assim a prática da pecuária de ciclo rápido”, explica.
Luís Almeida é natural de Presidente Dutra, no estado do Maranhão, e veio para Uberaba/MG exclusivamente para cursar Zootecnia na Fazu. “No Nordeste há grandes criadores de ovinos e caprinos. Porém, o que predomina lá é o sistema extensivo, que é a pasto. A intenção da pesquisa é descobrir o efeito de uma dieta sem silagem e volumosos, utilizando apenas um concentrado contendo um núcleo capaz de estabilizar a microbiota ruminal”.
Foram utilizados 24 carneiros jovens divididos em dois grupos. A diferença entre eles era uma só: a alimentação. Desde o dia 11 dezembro, com apenas 3 meses de vida, metade dos animais foram alimentados com uma dieta tradicional, composta por silagem de milho e concentrado, já, a outra metade, recebeu uma dieta composta por 100% de concentrado.
“O grande diferencial deste experimento é justamente a dieta. Temos na composição da ração uma molécula especial que permite o consumo à vontade e apenas de concentrado pelo animal, sem que esse venha a ter qualquer problema metabólico. E claro, como não há presença de volumoso, elimina-se a ruminação nos animais, um fator que tem chamado a atenção nas dietas da Major”, conta a zootecnista Bruna Hortolani, consultora de pesquisa.
Foram 42 dias de confinamento. Agora, os profissionais envolvidos estão realizando as análises dos dados. No início de fevereiro foi realizada pela professora Danielle Matarim, avaliação ultrassonográfica nos animais, para análise das características de carcaça. No mesmo período foi realizado o abate técnico para avaliação das condições hepáticas e viscerais dos ovinos após o período de confinamento.
O professor da Fazu e orientador do projeto, Dr. Maico Henrique Barbosa dos Santos, destaca a importância do estudo para a Ovinocultura de Corte. “Buscar o acabamento precoce e melhor rendimento das carcaças, encurtamento do ciclo produtivo, diminuição do fornecimento de volumoso, tornando-se uma alternativa, inclusive, para situações com escassez de forragem”.