Classificação morfológica de bovinos leiteiros

Para se obter lucratividade e rentabilidade na pecuária leiteira, dois fatores continuam sendo essenciais para determinar a sobrevivência e o sucesso econômico do negócio: os custos e a eficiência na produção (WERF, 2006).
Cuidados nos aspectos de nutrição, reprodução, sanidade, bem-estar e morfologia são de extrema importância para garantir elevados índices de produtividade e longa vida produtiva com eficiência. (MISZTAL et al.; 1992 ATKINS et al.,2008).

Estes são os objetivos desafiadores de produtores e profissionais; identificar nas primeiras lactações as vacas que continuarão com altas produções de leite/lactação/dia, apresentando e mantendo uma morfologia funcional e bons índices reprodutivos. A classificação linear para tipo é uma ferramenta importante para identificar os pontos fortes e os pontos a serem melhorados nos animais, e através da seleção e do acasalamento obter animais longevos e com menores riscos de descarte. (LAGROTTA et al., 2010; PÉRES-CABAL et al., 2002; ESTEVES et al., 2004).

A definição de classificação linear, classificação para tipo ou classificação morfológica, como é conhecido nas raças leiteiras, é metodologia utilizada para a avaliação individual dos animais, analisando as medidas de conformação, comparadas a um padrão de tipo considerado ideal, estabelecido para uma determinada raça (ESTEVES et al., 2004).

A classificação morfológica é uma “ferramenta” para melhorar a conformação das vacas do seu rebanho e aumentar a produção. A conformação ou o TIPO de uma vaca influencia a sua potencialidade de produção e a sua longevidade, assim como a facilidade de trabalho (ordenha, parto, etc.). Quando uma vaca tem um bom tipo funcional, ela terá maior possibilidade de produzir grandes volumes de leite em várias lactações.

Quando a Classificação Linear é utilizada como uma base para a seleção dos touros e das vacas a emparelhar, pode-se melhorar a produção, aumentar o número de lactações, reduzir a taxa de substituição do rebanho e obter um maior rendimento, pelo que se torna um Instrumento valioso para todos os produtores de leite (APCRF).

Os principais objetivos da classificação linear são:

  • Criadores passam a conhecer melhor os seus animais, e valorizar os animais que irão permanecer por mais tempo produzindo no rebanho. (ATKINS et al., 2008);
  • Maior conhecimento dos criadores no momento da venda e compra de animais (seleção);
  • Auxiliar no acasalamento, pois o criador saberá quais características necessita de maior ênfase no processo de melhoramento genético (VALLOTO, 2010);
  • Essencial nas provas de touros (teste de progênie). (COSTA et al., 2013);
  • Estimar os parâmetros genéticos (herdabilidade, correlações, repetibilidade). (COSTA et al., 2013; CAMPOS et al., 2012);
  • Programas de melhoramento genético das raças. (PEDROSA e VALLOTO, 2015);
    Como modelo, a Associação Brasileira de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa adotou a partir de janeiro de 2012, a metodologia para avaliação dos animais, correspondendo aos seguintes aspectos a serem analisados.

Conforme descrito no regulamento do serviço de registro genealógico da ABCBRH, no seu artigo 121 e complementa no seu artigo 122 da seguinte forma:
“Os animais serão classificados em seis classes na pontuação final:
a) Excelente (EX) de 90 a 97pontos
b) Muito Bom (MB) de 85 a 89 pontos
c) Bom Mais (B+) de 80 a 84 pontos
d) Bom (B) de 75 a 79 pontos
e) Regular (R) de 65 a 74 pontos
f) Fraco (F) de 50 a 64 pontos

Assim, cabe ao técnico e ao produtor buscar, de modo coerente, conteúdos que deem subsídios fundamentados para classificação dos animais dentro da propriedade.

Levantamento top 100 2021 milkpoint. Fazenda Figueiredo em Cristalina – GO.

 

Alisson Lima
Pós-graduando em Nutrição e Alimentação de Ruminantes, Zootecnista, Técnico em Agropecuária. Atualmente é professor e orientador das disciplinas de Zootecnia e Planejamento de Projetos Agropecuários (PPA) e consultor técnico dos setores produtivos de Forragicultura, Bovinocultura, Suinocultura e Avicultura.

 

 

 

Ana Karolina Ribeiro

Graduanda em Zootecnia pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia e técnica em agropecuária pelo IF Baiano Campus Santa Inês. Atualmente é bolsista do Programa de Educação Tutorial – PET Zootecnia, membro do Diretório Acadêmico de Zootecnia, e participa do Grupo de Estudos em Forragicultura (GEF – BA) e o Núcleo de Estudo e Produção de Bovinos de Corte (NEP – Corte).

 

 

REFERÊNCIAS
ALVES NETTO, F. Teste preliminar de progênie de reprodutores leiteiros para tipo e produção. Separata da Revista dos Criadores, dez. 1965.

ASSOCIAÇÃO PARANAENSE DE CRIADORES DE BOVINOS DA RAÇA HOLANDESA.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE BOVINOS DA RAÇA HOLANDESA – ABCBRH
ATKINS, G.; SHANNON, J.; MUIR, B. Using Conformation Anatony to Identify Functionality & Econonics of Dairy Cows. WCDS Advances in Dairy Technology, v. 20, p.279-1562, 2008.

CAMPOS, R. V. Parâmetro Genético Para Características Lineares de Tipo e Produtivas em Vacas da Raça Holandesa no Brasil. 2012. 109f. Tese (Doutorado). Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, RS.

COSTA, N. C.; COBUCI A. J.; KERN L. E. et al. Tendências genéticas das características de conformação linear na raça Holandesa no Brasil. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE MELHORAMENTO ANIMAL, X., 2013, Uberaba – MG. Anais… Uberaba: Sociedade Brasileira de Melhoramento Animal, 2013.

ESTEVES, A.M.C.; BERGMANN, J.A.G.; DURÃES, M.C. et al. Correlações genéticas e fenotípicas entre características de tipo e produção de leite em bovinos da raça Holandesa. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 56, n. 4, p. 529-535, 2004.

McMANUS, C.; SAUERESSIG, M. G. Estudo de características lineares de tipo em gado Holandês em confinamento total no Distrito Federal. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 27, n. 5, p. 906-915, 1998.

MISZTAL, I.; LAWLOR, T. J.; SHORT, T. H. et al. Multiple-trait estimation of variance components of yield and type traits using an animal model. Journal of Dairy Science, v. 75, n. 2, p. 544-551, 1992.

PEDROSA, V. B.; VALLOTO, A. A.; HORST, J. A. et al. Genetic trends in dairy yield of Brazilian Holstein cow. In: Joint Annual Meeting – ADSA/ASAS, 2015, Orlando. Journal of Dairy Science, v. 98, n. 1, p. 346-346, 2015.

PÉREZ-CABAL, M. A.; ALENDA, R. Genetic relationships between lifetime profit and type traits in Spanish Holstein cows. Journal of Dairy Science, v. 85, n. 12, p. 3480-3491, 2002.

SHORT, T. H.; LAWLOR, T. J. Genetic parameters of conformation traits, milk yield, and herd life in Holstein. Journal of Dairy Science, v. 75, n. 7, p. 1978-1998, 1992.

VALLOTO, A. A. Conformação ideal de vacas leiteiras. In: G.T.D.M. Santos, E. M.; Kazama, D. C. S.; Jobim, C. C.; Branco, A. F. (Ed.). Bovinocultura Leiteira: bases zootécnicas, fisiológicas e de produção. Maringá: Eduem, 2010. p. 143-175.

Werf, J. van der, Kinghorn, B., Ryan, M, Animal breeding use of new technologies; a textbook for consultants, farmes, teachers and for students of animal breeding. Tradução: Carvalheiro, R. et al., Piracicaba-SP: FEALQ, 2006 367. il.

Categorias

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *