No cenário mundial, o Brasil é destaque na produção de diversos produtos agropecuários, devido a grande extensão territorial e tecnologia que vem sendo utilizada nos sistemas de produção. Apesar da alta produção, a incidência de pragas continua sendo um dos principais fatores que desafiam a viabilização e consolidação de altas produtividades nas culturas. Juntamente com os insetos, os ácaros representam um dos maiores problemas enfrentados pela agricultura brasileira.
Os ácaros da família Tetranychidae, comumente conhecidos como ácaros aranha ou ácaros de teia, são importantes pragas para a agricultura devido aos danos econômicos que podem causar. São encontrados em várias plantas cultivadas, árvores frutíferas, vegetais, plantas ornamentais e até mesmo em plantas daninhas. A grande maioria dos ácaros tetraniquídeos formam teias, o que dá origem ao seu nome popular.
Algumas espécies de ácaros dessa família são polífagas (hospedam-se em diferentes plantas) e outras são específicas. As principais espécies de tetraniquídeos específicas de importância para o Brasil são Tetranychus evansi, Tetranychus ogmophallus, Mononychellus tanajoa, Oligonychus ilicis, Panonychus citri e Panonychus ulmi. Dentre as espécies polífagas de importância para a agricultura brasileira a que se destaca é Tetranychus urticae (ácaro rajado) devido sua ampla distribuição e a grande diversidade de plantas cultivadas que podem causar danos.
Os danos causados por esses ácaros são diretamente relacionados ao modo de alimentação. Os ácaros aranha se alimentam perfurando as células da planta com seus estiletes, o que causa um extravasamento do conteúdo celular que será então absorvido pela cavidade oral. A principal consequência é a redução da produção devido a alteração do crescimento e desenvolvimento das plantas. Os sintomas típicos de ataque desses ácaros nas folhas são áreas prateadas ou verde-claras devido a remoção do conteúdo celular, podendo atingir tons bronzeados, levando a queda das folhas.
O curto período de vida, a alta fecundidade (capacidade de se reproduzir) e a capacidade de resistir a muitos acaricidas tornam o controle desses ácaros substancialmente difícil. No entanto, para que se obtenha um bom manejo desses ácaros, antes mesmo da pulverização de qualquer produto, é necessário realizar um bom monitoramento da praga na cultura, para que as estratégias de controle sejam adotadas no momento correto.
Ácaros tetraniquídeos tem o hábito de atacar em reboleira, ou seja, em áreas definidas. Essa característica ressalta a importância de o produtor ficar atento ao início das infestações a fim de garantir sucesso no manejo. Além dos sintomas causados por esses ácaros, a presença de sinais, como as teias, facilita a visualização da presença ácaros nas área. Ao mesmo tempo que auxiliam na identificação da praga no campo, a presença da teia dificulta o controle, visto que protegem os tetraniquídeos de predadores, da ação de chuvas, e dificulta o acesso aos produtos que são pulverizados.
Após o monitoramento e correta identificação dos ácaros alguns métodos de controle podem ser adotados, como por exemplo, a destruição de restos culturais, manejo de plantas invasoras, uso de produtos químicos e produtos biológicos.
Atualmente, no Brasil, dezesseis ingredientes ativos pertencentes a doze grupos químicos com nove mecanismos de ação diferentes são registrados para o controle de ácaros tetraniquídeos pelo Ministério da Agricultura. Consequente às principais características que garantem o status de praga para esses ácaros, a seleção de populações resistentes é frequentemente observada em tetraniquídeos. A rotação de produtos de diferentes grupos químicos e a associação com diferentes métodos de controle, como o controle biológico, auxiliam no melhor manejo desses ácaros.
Para o controle biológico de tetraniquídeos, atualmente são comercializadas no Brasil duas espécies de ácaros predadores. São eles: Phytoseiulus macropilis, ácaro especialista que se alimenta apenas de tetraniquídeos, e Neoseiulus californicus, ácaro que preferem tetraniquídeos, embora possam se alimentar de outros artrópodes e de pólen. O uso de fungos entomopatogênicos também tem crescido nos últimos anos, como Beauveria bassiana, que é também comercializado no Brasil.
O bom monitoramento seguido da associação de métodos de controle proporcionará um manejo eficiente de ácaros tetraniquídeos reduzindo os danos causados às culturas.