Projeto quer transformar o Cerrado em nova fronteira do cacau no Brasil, com foco em pesquisa, inovação e geração de conhecimento local
Uberaba pode, em breve, entrar na rota do cacau brasileiro. A Fazu (Faculdades Associadas de Uberaba) e o Sindicato dos Produtores Rurais de Uberaba (SRU) assinaram nesta quinta-feira (23), um Acordo de Cooperação Técnica para desenvolver a cultura do cacau no Cerrado.
A Fazenda Escola da Fazu será uma vitrine do projeto, onde serão coletados dados técnicos e econômicos sobre a adaptação do cacau ao solo e clima do Cerrado. Com base nesses dados, serão desenvolvidas estratégias para a expansão gradual da cultura na região.
O acordo foi assinado pelo presidente do SRU, Vinícius Rodrigues, e pelo diretor da Fazu, José Olavo Borges Mendes Júnior. Representando a Fazu, também estiveram presentes o doutor em Produção Vegetal Vinícius Filla, professor que conduzirá a unidade de demonstração; a coordenadora de Pesquisa, Juliana Paschoal; e o assessor jurídico, Marcos Jammal. Já pelo SRU, participou ainda o representante jurídico João Henrique de Paula.
De acordo com o presidente do SRU, Vinícius Rodrigues, a parceria com a Fazu é fundamental para impulsionar a proposta do sindicato. “É um projeto essencial, porque será um campo de demonstração para quebrarmos o paradigma de que o cacau é uma cultura que só pode ser produzida sob sombra, em regiões tradicionais como Bahia, Rondônia e Pará. Vamos demonstrar que o cacau pode ser cultivado a pleno sol em regiões de Cerrado”, destaca.
Após a assinatura do acordo, foi realizada uma visita técnica à Fazenda Escola da Fazu, onde os representantes do sindicato conheceram a área já destinada ao plantio. Ainda segundo Vinícius Rodrigues, o acordo firmado com a Fazu abre portas para novas parcerias. O próximo passo é oficializar essas parcerias, com instituições já alinhadas, principalmente no que tange a insumos.
O professor Vinícius Filla ressaltou que o acordo proporcionará uma grande oportunidade técnica e acadêmica. “Os alunos terão a chance de trabalhar com uma cultura não tradicional na região e de vivenciar uma experiência prática junto ao sindicato, gerando extensão, resultados técnicos e contribuindo para que os produtores rurais superem esse paradigma de plantio”, explicou.
O Brasil produz mais de 200 mil toneladas de amêndoas de cacau por ano, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os estados do Pará e da Bahia concentram cerca de 96% da produção nacional. No entanto, a produção brasileira representa menos de 5% do total mundial, conforme dados da Organização Internacional do Cacau (ICCO).
O país, que já foi referência mundial no setor, perdeu espaço para países africanos como Costa do Marfim e Gana, e até mesmo para vizinhos como o Equador. “Essa iniciativa aqui em Uberaba mostra que o Brasil pode recuperar protagonismo com ensino, inovação e cooperação entre os diversos elos da cadeia produtiva. Agradecemos ao SRU na pessoa do Vinícius por esse projeto com a Fazu”, destaca José Olavo Júnior.



