Coordenadora da Zootecnia Danielle Matarim fala sobre a pecuária lucrativa e sustentável, o profissional formado em Zootecnia e a atuação no melhoramento, nutrição, sanidade, manejo e bem-estar animal
O aumento da população global estimula cada vez mais a contratação do profissional empreendedor que é o zootecnista, que domina os sistemas de produção animal, atuando desde o manejo até o planejamento agropecuário.
Com 45 anos de história, o curso de Zootecnia da Fazu (Faculdades Associadas de Uberaba) é consolidado como um dos primeiros e mais reconhecidos do país. Atualmente, somos IDD 5 no MEC. Conceito máximo de um indicador que mede o desenvolvimento dos estudantes ao longo do curso.
Em entrevista exclusiva, a coordenadora do curso de Zootecnia da Fazu, Dra. Danielle Leal Matarim, conta sobre a carreira, áreas de atuação e o mercado da Zootecnia.
• O leque de atuação dos profissionais da Zootecnia é muito amplo, comente as principais áreas de atuação?
Dentro da cadeia produtiva das espécies animais de interesse zootécnico o profissional formado em Zootecnia é capacitado para atuar nas diferentes frentes, desde o planejamento das instalações à comercialização do produto final. Dentro desse contexto ele atua no planejamento reprodutivo; na avaliação e escolha de animais melhoradores a serem acasalados promovendo ganhos genéticos para a próxima geração; no manejo nutricional, desde a escolha dos ingredientes da dieta à implantação e manejo de pastagem; na avaliação de desempenho; no assessoramento de programas de controle sanitário; na gestão, assumindo a responsabilidade e supervisão técnica em estabelecimentos de crua e produção de animais.
• A forma de criação, abate e a comercialização dos animais é extremamente importante e o profissional de Zootecnia tem papel fundamental nos processos. Como você avalia a responsabilidade do profissional nestes processos?
O zootecnista deve ter a consciência de que o seu trabalho tem um impacto maior do que é visto no campo, pois trabalha na produção de alimentos de origem animal para consumo humano. Assim, os cuidados com a sanidade e bem-estar animal durante toda a cadeia produtiva devem extrapolar o âmbito econômico. Além das condições inadequadas de criação prejudicarem a produtividade, geram também problemas no produto final que chega na casa dos consumidores. Junta-se a esses fatores a responsabilidade ética e as exigências legais que devem ser atendidas, no exercício da profissão e na comercialização dos produtos.
• A tríade nutrição, bem-estar e melhoramento genético é sinônimo de sucesso. Qual a importância de aliar as áreas?
O trabalho nas três frentes deve ser sempre executado de forma concomitante, pois não se traduzem em resultado de forma isolada. É ilusão acreditar que investir somente em genética é suficiente para garantir bom desempenho, o animal só irá expressar todo o seu potencial genético se forem garantidas condições de nutrição e manejo ideais. O investimento somente em nutrição pode também gerar frustração se não vier acompanhado de bem-estar e “boa genética”.
• Atualmente, o grande desafio do campo é produzir mais com menos, isto é, ter mais produtividade usando menos recursos naturais. Como essa temática tem sido trabalhada na faculdade?
As pesquisas sobre técnicas/tecnologias para otimização do uso de recursos na produção animal estão alcançando elevados patamares, mas nem sempre sua aplicação ocorre de forma rápida em grande escala no campo. No entanto, é possível perceber que a evolução da produção animal ao longo das últimas décadas não foi acompanhada por aumento de área, por exemplo. Isso é aumento de produtividade, maior número de animais por área, menor tempo até o abate, maior número e qualidade da progênie, de forma geral melhores índices zootécnicos que encurtam os ciclos e reduzem o uso de recursos naturais. A adoção de técnicas que não demandam tanto investimento como manejo de pastagem, suplementação na época seca e biotécnicas reprodutivas, como a inseminação artificial e uso de rações balanceadas já permitiram esses resultados. Na Fazu temos uma linha de pesquisa em eficiência alimentar que atua neste sentido. Através dos cochos e bebedouros automatizados do confinamento da fazenda escola são coletadas informações para identificação de animais que utilizam menor quantidade de alimento e água para crescimento e ganho de peso.
• Quais os principais diferenciais um futuro zootecnista encontra na Fazu?
Um curso com 45 anos de história traz consigo a consolidação de um ensino de qualidade e de reconhecimento frete à comunidade. A Fazu oferece uma combinação de excelente infraestrutura, com uma fazenda escola bem próxima das salas de aula, uma matriz curricular atualizada e corpo docente capacitado. O aluno tem contato com diversas espécies e uma ótima preparação para lidar com bovinos, especialmente zebuínos, uma vez que nossa matriz curricular conta com disciplinas como a de Zebuinocultura, um diferencial da instituição. A grande proximidade com a ABCZ e a parceria da Fazu com empresas importantes do agro propiciam aos estudantes diversas experiências através de estágios, acompanhamento de atividades e construção de networking, importante para troca de informações e para potencializar oportunidades. Além da formação técnica, na qual o aluno vai receber o embasamento teórico e técnico para atuar nas diferentes cadeias de produção, a Fazu, mesmo no status de faculdade, trabalha na promoção de ações de cunho científico. Através do envolvimento e estímulo do corpo docente, formado por mestres e doutores, os alunos desenvolvem projetos de iniciação científica e participam de pesquisas com empresas parceiras, testes de produtos e provas de desempenho de bovinos.
• A Fazu está atenta e flexível as mudanças que ocorrem durante o período do curso, o projeto pedagógico do curso de Zootecnia está sempre atualizado. Qual a importância dessas atualizações?
Além dos requisitos legais que os cursos de graduação têm que atender, a Fazu se preocupa com o que o mercado espera de um profissional formado em Zootecnia. As modificações nas matrizes curriculares e a inclusão de metodologias que proporcionem maior autonomia e protagonismo do aluno no processo de aprendizagem fazem parte de algumas das atualizações do projeto pedagógico do curso de Zootecnia. Todas as ações são sempre elaboradas e discutidas por docentes do colegiado de curso e núcleo docente estruturante.
• O curso de Zootecnia completou 45 anos, sendo um dos mais antigos do país. Na sua opinião, qual a importância da Fazu para o agronegócio?
A Fazu está situada na cidade de Uberaba, reconhecida como capital do Zebu e de grande referência no agronegócio. Além da ABCZ, referência internacional em zebuínos, aqui estão situadas grandes empresas que se destacam nos diferentes elos da cadeia produtiva animal. O curso de Zootecnia da Fazu nasceu então em um berço farto de oportunidades, de boas referências, locais de aprendizagem e campos de trabalho. Neste cenário, a Fazu se propõe a colaborar com essa história, formando profissionais tecnicamente competentes, éticos e comprometidos com a sustentabilidade social, econômica e ambiental e com alta capacidade de liderança para o desenvolvimento do agronegócio nacional e internacional.
• Como coordenadora do curso de Zootecnia e sendo egressa da instituição, qual o sentimento de fazer parte dessa história? Conte um pouco sobre sua trajetória na Fazu.
O sentimento é de gratidão e orgulho, pois foi um caminho de crescimento, muita aprendizagem e realização. Ingressei no curso de Zootecnia em 2008, sem vivência na área, somente uma afinidade com a matriz curricular e uma expectativa muito grande de trabalhar nas áreas prometidas pelo curso. Desde o primeiro semestre contei com o apoio dos professores e abracei todas as oportunidades de vivência prática, dentro e fora da faculdade. Foi assim que fui formando meu perfil profissional, conhecendo excelentes profissionais/pessoas que se tornaram referências para mim, identificando as áreas de maior afinidade e percebendo que me identificava com a pesquisa e com a docência. Foi uma grata oportunidade receber o convite para participar do processo de seleção para docente da instituição em 2015. Desde então me realizo todos os dias em sala de aula, trabalhando no ensino, incentivo e suporte na formação de novos zootecnistas.