O setor de equideocultura está em constate desenvolvimento no Brasil, possuindo oito milhões de cabeças. O estado de Minas Gerais é o maior produtor em número de equídeos do país, sendo também o maior produtor de selas e acessórios de selaria. A área despertou interesse da egressa do curso de Zootecnia da Fazu (Faculdades Associadas de Uberaba), Michelle Tonani de Melo que desenvolveu um projeto acompanhando o desenvolvimento de potros da raça Friesian nascidos por meio de transferência de embrião, em Uberaba/MG.
O trabalho da egressa da Fazu, Michelle Tonani é pioneiro no mundo sobre medidas morfométricas da raça Friesian e sobre a adaptação desses animais em clima tropical, e é referência para futuros criatórios e estudos. Michelle Tonani recebeu o diploma de Láurea Acadêmica, conferido ao aluno que concluir o curso de graduação, com coeficiente de rendimento igual ou superior 8,5 nas disciplinas do currículo.
O projeto foi desenvolvido pela Fazu, em parceria com a Fapemig (Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de Minas Gerais) e o Rancho Baloubet Friesian. O trabalho foi orientado pela professora da Fazu, Fabiana Garcia Christovão, com apoio de Tainá Marques de Morais e Eduardo Villaça com empréstimo dos materiais para as mensurações e, por fim, com o Rogério Marques, fundador do Rancho Baloubet.
De acordo com a ex-aluna, foram avaliados 24 potros com partos previstos de setembro de 2015 a fevereiro de 2016 e seis animais adultos em período de adaptação. “Os dados foram colhidos no Rancho Baloubet, para a caracterização dos potros nascidos no Brasil. As variáveis analisadas nesse período foram medidas lineares como exemplo, a Altura da Cernelha, Altura da Garupa, Altura do Costado, Comprimento do Corpo, Comprimento da Cabeça, entre outras medidas. O peso dos potros também foi parâmetro avaliado”, explica a Zootecnista.
Segundo Michelle, as medidas dos potros foram realizadas um dia após o nascimento e depois quinzenalmente até o fim, o processo se repetiu à medida que os potros foram nascendo. “A título de comparação foi realizada as medidas dos animais adultos. O desenvolvimento dos potros pode ser avaliado por diversos parâmetros, sendo frequentes a pesagem e a mensuração da altura na cernelha e do comprimento do corpo. A altura dos potros ao nascimento representa cerca de 60% da altura adulta e o crescimento em altura de potros é muito intenso até um ano de idade, sendo o primeiro mês pós-nascimento o período de maior intensidade. O rápido ganho de peso pode ser explicado pelo fornecimento de ração a partir do décimo quinto dia após o nascimento dos potros”, explica Michelle Tonani
A Zootecnista conta que o comprimento da cabeça é uma variável importante, pois é na cabeça que se avalia a expressão racial dos animais. “Uma cabeça de comprimento desproporcional ao corpo pode descaracterizar o animal racialmente, mesmo que ele possua ótima conformação das outras partes do corpo”, ressalta.
Ao fim do projeto, Michelle pode concluir que conhecer o manejo zootécnico é importante para se manter o tripé melhoramento genético, nutrição e sanidade. “O sucesso de qualquer atividade está na administração se não tivermos os dados e as informações do plantel, não há possibilidade de sucesso na gerência da propriedade. A raça Friesian é uma raça de fácil manutenção, se adaptou com facilidade demonstrando eficiência reprodutiva e bom desenvolvimento dos potros até o momento”, conclui Tonani.
Michelle Tonani de Melo tem 23 anos e é natural de Uberaba/MG. Graduou-se em Zootecnia no segundo semestre de 2015. “Optei estudar na Fazu pelo reconhecimento do curso e por conta das disciplinas ofertadas na grade curricular da Zootecnia. A Fazu foi importante na minha formação, o legal, também é o diferencial do foco nos gados Zebu e pela proximidade com a ABCZ (Associação Brasileira de Criadores de Zebu)”, afirma a egressa.
Sobre a raça Friasian e Rancho Baloubet
Originário da Frísia, litoral norte dos Países Baixos, o cavalo Friesian tem aptidão tanto para montaria quanto para atrelagem e seu temperamento dócil e amigável o credencia para os vários níveis de adestramento, mesmo para amadores e crianças.
As características mais marcantes da raça são a sua elegância, inteligência, adaptabilidade e uma enorme vontade de trabalhar. A cor negra, crinas longas, vasta cauda e os abundantes pelos cobrindo os cascos são as principais características morfológicas desta raça.
No Brasil, existem aproximadamente cinco criatórios da raça Friesian. Desta forma, as informações sobre o sistema de criação desses animais são adquiridas do local de origem, e precisam ser ajustadas para a nossa realidade climática, cultural e financeira. Diante disso, o monitoramento dos filhos de éguas e garanhões importados da Holanda, no que diz respeito ao manejo e desenvolvimento, são de extrema importância para servir de fonte bibliográfica para futuros criatórios.
As instalações do Rancho são pensadas para melhor conforto dos animais, o Rancho é composto por baias, redondel, pista para treinamento dos animais, piquetes de capim Tifton 85 (Cynodon dactylon) irrigados, casa para moagem de capim e armazenamento de ração, feno e alfafa, farmácia, local de armazenamento dos utensílios, local para toilet dos animais, dois troncos de contenção para manejos diversos, desembarcador, sombrite nos piquetes, manequim para coleta de sêmen, no momento há divisão de lotes de animais por ordem de parição, separando também o lote de éguas vazias.
“O projeto teve uma importância muito grande pelo fato de que antes não tínhamos nenhum dado de acompanhamento de potros. Não conseguimos referência sobre isso nem na Holanda, terra originária da raça Friesian. É um trabalho pioneiro. Houve o acompanhamento quinzenal e os resultados obtidos tiveram consequência direta na saúde dos animais. De acordo com o ganho de peso, foi possível fazer esse monitoramento. Se o animal não cresceu ou estava fora da média, tudo indica que tem algum problema sanitário. Agora, passamos a utilizar esse método”, afirma o fundador do Rancho Baloubet Friesian, Rogério Marques.